Pensamentos, idéias, histórias... Nathalhices!

Minhas aventuras pela Terra Santa!

segunda-feira, maio 29, 2006

Dia 2


Acordei com uma sensacao de liberdade. Logo que os primeiros raios de sol conseguiram chamar minha atencao, levantei num pulo. `O paraiso me chama`, pensei. Peguei um lencol enorme, o livro, a musica, uma garrafa de agua e fui pra praia. Queria fazer outra coisa nova: Topless. Toda a minha vida achei vulgar. Excesso de exposicao e ate falta de respeito com os outros que estao na praia. Mas ja tava na hora de abrir a cabeca, ne? Afinal, nada melhor do que se queimar sem aquela marca do biquini, que nao pode sair do lugar pra nao estragar o bronzeado. Sem falar na sensacao de nadar com os peixes seminua. Alem do mais, quem nunca viu seios?! Vamos combinar que as pessoas fazem de roupa coisas muito vulgares de verdade. Enfim, deixando de lado a polemica, fui la eu catar um lugar ao sol numa praia vazia. Nao estava exatamente com vergonha, mas tambem nao queria fotos minhas publicadas na internet, como novo ponto turistico de Eilat. Andei, andei, ate que achei. Quase no final da praia do hotel Herods. Ainda estava com um certo medo, mas entao vi uma outra menina desfilando sem sutia e me convenci de vez. Natural. Olha quem quer.
`Cama` feita, protetor 30 no corpo todo, musica nos ouvidos. O que mais eu podia querer na vida? Nem pensava `que o principe encantado aparecesse agora` pq ainda estava com a cabeca na noite anterior. Mas comecava a pensar e logo me cortava, nao queria criar expectativas. Sei bem como eh me decepcionar com os homens. E esse ja tinha me surpreendido na noite anterior. Ninguem eh perfeito. Sabia que a proxima curva era de descida.
Passei nada menos do que 8 horas na praia. Sozinha, tranquila, curtindo cada segundo com essa pessoa divertida que sou eu! :D
Claro que escutei uns comentarios. A verdade eh que muitas vezes eu esquecia que estava sem a parte de cima do biquini, so era lembrada pelos olhos dos curiosos. Sempre tem os velhinhos tarados, ne?
`- Voce sabia que tem as coisas mais lindas de Eilat?`
`- Quer ajuda pra passar bronzeador?`
A resposta as duas foi um `What? Sorry, I can t listen to you`, com a musica no ultimo volume.
Uns outros nao tao velhos tambem fizeram suas tentativas. Chegavam, sentavam perto e comecavam a puxar papo. Pra todos eu tinha namorado. Isso eh uma desculpa que funciona aqui em Israel, pelo menos. Existe respeito. No Brasil, voces sabem, eh aquele `Ah, eh? Entao cade ele?`. Ou o pior ainda `Nao sou ciumento`.
O Salva vidas da praia estava sempre atento a minha bolsa. Sempre pedia ao garcon da praia que fosse me levar mais agua, me oferecia cafe. Fui mudando meu acampamento em direcao ao sol, ate que ele se foi.
Ai me dei conta de que nao tinha comido nada o dia inteiro. Tinha me comportado tao bem e estava tao feliz que decidi me mimar um pouquinho. Queria ha tempos conhecer um restaurante que se chama Casa do Brasil. So tem em Eilat. Churrascaria como so se encontra na America do Sul mesmo. Pra nos aqui no Oriente Medio a carne eh escassa, ruim ou cara. A boa comida eh sagrada.
Tomei um banho e fui ate o restaurante. Lindo, por sinal. Me decepcionei quando nao souberam me dizer o que era guarana, mas logo que chegou a carne eu esqueci disso e me deliciei por um par de horas, com direito a farofa e tudo. Ja nao aguentava mais comer quando vi o pave que tinha no cardapio. Lembrei da frase `Ta no inferno, abraca o capeta` e fui pro abraco. Contentissima, satisfeitissima, so podia pensar em dormir. Me sentia a coisa mais pesada do universo. Parei um taxi e pedi `Pro 889 urgente, por favor`. O motorista, de seus 20 e poucos anos, comecou a rir. Ai eu expliquei o porque. Dai pra perguntar toda a minha vida foi um segundo. Quase chegando em casa o sujeito me pergunta `Voce fuma um beck? Tem alguem na casa do seu amigo?`. Eu disse que nao, obrigada. Ele insisitiu, pedindo para que eu o ligasse entao pra sair mais tarde. Eu disse que ia ver quando acordasse, sai e bati a porta do taxi. Depois de um segundo eu volto `Ei, nao te paguei`. E ele me diz `Nao precisa nao. So queria um cigarro, se voce tivesse`. So comigo mesmo que essas coisas acontecem... (Obvio que eu nem gravei o telefone do maluco, ne...)
Cheguei finalmente na preciosa cama. Necessaria naquele momento. Mas vinte minutos depois o telefone toca, era o Yuval. Ele, o Roy e um casal de amigos iam fazer um churrasco na praia. Eu nao aguentava ver carne, mas queria muito ver se o sonho tinha sido realidade. Hesitei tambem pq nao foi o maluco que me ligou (e nao sou assim facil, ne, galera?) e continuei deitada, mas me matando pra ir e me olhando no espelho a cada minuto.
Ate que ele me liga, o proprio. Eu atendo `Ha? Quem? Hehehehe. Ele me diz que deu um pulo no hotel sozinho, pra que eu fosse pra la e que de la fossemos juntos pra praia. Eu tinha que ir, ne. Ta. Reticencias. Foi tudo muito rapido. Num evento pra cinco pessoas, duas fazem toda a diferenca. Claro que o encanto ja era menor. Mas baixou mesmo quando, ja no caminho pra praia, fui me dando conta de que ele nao se lembrava de nada da noite anterior. Nao que eu tivesse tudo gravado, claro, mas os flashes nao me enganavam, tinha sido perfeito! Mas aceitei que tinha sido uma noite inesquecivel e so, e curti o churrasco na minha. Fogueira, mais vinho, beira da praia. Fui pra casa, conformada. Mais do que nunca, crente de que homem eh tudo igual mesmo.
A foto eh da noite anterior.

Dia 1


Estava na tranquilidade de Pardesya, meio entediada e meio angustiada, contando os dias pra chegar no Brasil. Sem trabalhar e com poucas possibilidades de fornecer ao meu corpo a adrenalina que ele pede. Dai me deu uma luz. Liguei pra um amigo chileno que mora em Eilat, o Aaron, fiz a malinha e fui pra la. Conheci Eilat em 97 e voltei em 98, nas duas vezes pra visitas de um par de dias e nada mais. Depois, ano passado, fui a uma festa com meu irmao na praia, e so. Nao me lembrava de muita coisa. Peguei um livro (levei o `Abusado`), musica, protetor solar e biquini. Roupas pra dois ou tres dias, no maximo.
Primeira parada: Jerusalem. Passagem que ate merecia ser comentada, mas vou deixar pra outra oportunidade. Outra historia louca pros dias que eu quiser falar mal de homens. Aproveitei tambem pra rever amigos e passear pela sempre nostalgica Jerusalem. Meu primeiro e proximo lar em Israel.
Vamos la. Sete da manha meu onibus saiu de Jerusa. Ficar sozinha no banco era fundamental nesse momento. Sorte, onibus vazio. Mas mesmo assim, nao consegui dormir. Duas horas rodando no banco. Parada de 15 minutos. Achei que uns chocolates fossem me deixam mais relaxada pras outras duas horas de viagem, mas nada. Fiquei foi com a consciencia pesada. Tinha um religioso no banco perto do meu que ficou me secando a viagem inteira e me deixou extremamente irritada. Ta.
Chego e meu amigo me diz que esta no medico, nao pode me buscar. Me diz pra entrar num taxi e pedir pelo numero 889. Eu pergunto `Que diabos 889, em que bairro, que rua?`. E ele `Da-le Natu, 889`. Ai eu tive certeza de que ia me perder. E o primeiro pensamento foi `Pq que eu inventei de vir pra ca?!`. Entro no taxi e comecam as surpresas. A taxista era super simpatica. Atencao, nessa frase tem duas informacoes muito importantes. A primeira, o taxi era dirigido por uma mulher, e foi a primeira vez em quase um ano de Israel que eu vi isso. Sei la porque. Mas a segunda parte da frase eh ainda mais surpreendente. Israelense e simpatico sao duas palavras que, definitivamente, nao se aproximam. A nao ser que seja com uma expressao de negacao no meio. Cheguei ate a pensar que era ela lesbica, um doce! E ainda, de primeira ela me levou no tal 889. Em Eilat eh assim mesmo, cada endereco eh identificado somente por um numero. Depois disso eu ate resolvi mudar meu botao do humor pra `positivo`. Encontrei com meu amigo na casa dele, colocamos o papo em dia, troquei a calca e o casaco por um vestidinho e fomos caminhar pelo centro turistico, o calcadao. Vinte e quatro horas por dia movimentado por uma feirinha de artesanato (alias, feirinha nada, eh enorme!), no inicio esta o shopping da cidade e, claro, tudo isso com a brisa da praia. Calor delicioso. Clima de festa. Os maiores e mais luxuosos hoteis que eu vi na vida. Ah, claro, o melhor eh que no balneario todos os produtos sao vendidos sem impostos (que nem em Manaus). Ou seja, tudo mais barato. Logo no primeiro dia garanti meu mp3 (512 MB por 140 shekels, tipo 70 reais. De graca!).
Conheci os amigos do Aaron, dois argentinos. Tentar a vida em Eilat nao me pareceu facil, pelo menos pelas historias deles. Mais de 12 horas por dia, em trabalhos puramente bracais, e por isso estao sempre com dores musculares. Passeamos um pouco e eles foram trabalhar de novo. Ja era tardinha. Ai entao, sozinha, eu realmente comecei a me divertir. Eu sempre fui muito dependente dos outros. Admito. Tudo chato era sozinha, achava que era coisa de gente chata mesmo, ou ate rejeitada, sem amigos. Me sentia perseguida pela falta de tempo dos outros. E isso sempre me fez sofrer muito. Pois posso dizer que mudei completamente de ideia. Eu fui querendo conhecer a minha companhia e descobri que eh excelente! Fui ate o deck de outra praia e fiquei horas la sentada, com os pes mergulhados na agua transparente, de onde via as luzes dos hoteis e da Jordania refletidas. O deck era tipo de borracha, acompanhava o sobe e desce das (quase) ondas daquela piscina maravilhosa. Espetacular. O celular toca, um dos amigos do Aaron tinha terminado de trabalhar e queria me acompanhar no meu passeio. Meio contrariada, mas ao mesmo tempo com medo de enjoar de mim mesma, aceitei que se juntasse a mim. Eita bondade masculina, ne? Em menos de dez minutos sozinho comigo o cara ja tava arranhando cantadinhas de quinta. Senti falta de silencio. Mas prometi pra mim mesma que no dia seguinte o celular nao ia ter bateria.
Antes que o engracadinho se animasse (minha mare nao estava pra paqueras, juro, amigos. Acreditem em mim!), fui pra casa, tomei banho e encontrei de novo com o Aaron e com o outro amigo dele, Jorge. Buena onda o maluco. Trinta e um anos, tres em Israel. Estavamos em frente ao shopping, onde tudo acontece na cidade. De repente, Pardesya aparece na minha frente. Um dos meus amigos daqui estava la, a trabalho, por 3 dias. O Yuval mora umas poucas casas antes da minha. Ele eh barman em um cathering que faz eventos em todo o pais. Estava com um amigo, o dono do negocio, que por sinal foi esnobe como todos os outros. Combinamos de fazer algo mais tarde e nos despedimos. Enquanto isso, de volta ao mundo latino, sentei num pub no chamado `Mercaz Taiarut`, o centro turistico. Um aglomerado de bares, restaurantes e boates. Sinuca e Smirnoff Ice. Em pouco tempo, ja estava me sentindo um pedaco de carne com um bando de urubus em cima. Tudo preto e branco de novo. Liguei entao pro Yuval e fui encontrar com ele e com o tal amigo dele, Roy, em um pub mais transado, logo depois de onde estava. Dois copos de vinho mais tarde, o amigo esnobe estava extremamente aprazivel. Os tres sentados no balcao no pub, meio bebinhos. O Yuval comeca a dar sinais de que vai dormir ali mesmo, entao o Roy resolve levar ele pra casa. Me pediu pra esperar no pub mesmo, que eram 2 minutos de carro ate o quarto deles. Eu, que estava achando otimo estar solita, disse que tudo bem. E ainda pensei `o malandro ta achando que vai voltar e vai me pegar, hehehe. Nem sabe que to tranquila, nao quero ninguem`.
Dez minutos depois, maos fecham meus olhos pelas costas. Era ele, claro. Ja tinha comecado o contato corporal. Mas eu me mantinha firme. Papo vai, papo vem... Nao eh que ele era muito engracado mesmo? E bonito, e inteligente. Comecamos a falar sobre a influencia do exercito na cabeca do israelense, na cultura, no estilo de vida. Ele tinha umas opinioes... Depois fomos pra metas de vida de cada um, passando por religiao e valores. Ele foi me amansando. Ou melhor, me derretendo. Se voce, meu querido amigo/a, teve paciencia e leu ate aqui, merece saber do final, que nao eh desses que acontece todo dia. Eh daqueles que voce conta com saudades e com os olhos brilhando. No fim do terceiro copo de vinho, muitos risos e uma ponta sobria de esperanca (`Sera que eh ele?!`) me levaram a sair de la pro parque em frente. De um jeito que nao me acontecia desde quando beijar na boca era novidade. E de la pra areia da praia.
Agora deixo voces curiosos ate amanha. Ou pelo menos ate mais tarde! ;)

quarta-feira, maio 24, 2006

Comunicado importante

Em respeito aos meus queridos amigos, comunico que estou em retiro espiritual em Eilat! Vim passar uns dias sozinha nesse paraiso. Volto em breve com muitas fotos e historias. Posso adiantar que as ultimas 48 horas foram inesqueciveis, ja cortei da lista varias coisas que estavam na lista `O que eu preciso fazer antes de morrer`. :)
Carpe diem!

sábado, maio 20, 2006

To indo!


Uma musica que esta bombando aqui tem TUDO a ver com a mais nova confusao mental pela qual estou passando. Acho que vale a pena tentar traduzir, pelo menos as partes interessantes, pra voces entenderem meu dilema. Fui aceita pro mestrado em Jerusalem, Relacoes Internacionais, e em Tel Aviv, pra Ciencias Politicas com enfase em Diplomacia. Leiam agora a musica, na mais livre das traducoes, by me. Se chama Hine ani ba, que significa `Olha, to indo`, do grupo israelense Hadag Nachash (que sao otimos, por sinal). Os parentesis sao as minhas humildes explicacoes...

Jerusalem
Cidade que vale uma explosao
(olha o trocadilho, hehehe)
Ando pela avenida e me sinto num kibutz galuiot (lugar cheio de misturas)
Mil culturas, pra cada um nove irmas (as pencas de filhos dos religiosos)
Os arabes, tudo bem, os ultra religiosos no quarto (rezando)
...
Os amigos mudaram de cidade ou se aproximaram do criador (viraram religiosos)
Cinza, entediante, nao tem praia
Levei tres anos pra tomar a decisao

Arrumei as malas e desci em direcao a

Tel Aviv (olha eu to indo)
Vim suar (olha eu to indo)
Voce eh unica eu juro

Desci em direcao a praia
Que choque estou proximo a levar
E agora que eu estou finalmente em Tel Aviv
Aprecio vista, tudo eh fresco, isso eh bom
Ai, quantos peitos, me queimaram os olhos

Depois de dois anos de Sodoma e Gamorra (lembram da biblia?)
Eu nao me reconheco no espelho
...
E agora que eu sou in eu entendo
Quanto barulho, poluicao
Todo dia se gasta na paz
(o povo paz e amor, GLS de Tel Aviv)
O aluguel nas alturas, que loucura
E de repente me caiu a ficha
Eu tinha o paraiso nas maos
...
Vou colocar os pecados na mala e sair em direcao a

Jerusalem (olha eu to indo)
To voltando pra voce (olha eu to indo)
Pras suas muralhas (olha eu to indo)
Voce eh unica eu juro


Voltei pra Jerusalem, aqui tem o melhor Humus, isso eh certo
Me da sossego, silencio
Quando foi a ultima vez que eu coloquei um bilhete no Muro das Lamentacoes,
Investi em comida,
Fiz novos amigos
Essa cidade me devolve o controle sobre a minha vida
...
O que vale eh sermos felizes

Bom, nao imaginava que a traducao ia ficar tao pior. Mas pela musica voces podem perceber a diferenca entre as duas cidades. Dois mundos opostos. Quero ver agora quem sabe o que mais combina comigo! ;)
Na foto, os loucos da banda.
Ah! Pra quem vive me dizendo `passei no seu blog` e nunca deixa recado, eh a hora!

terça-feira, maio 16, 2006

Cuidado!


Quase no final da novela `O clone`, tava na hora mesmo de eu me viciar em outra coisa. A escolhida foi o hit do momento, a telenovela israelense Alufa, que em hebraico significa Campea. Eu relutei, nao queria ver. Mas a febre eh tao grande que me deu curiosidade. Na tv a cabo daqui eh possivel ver os capitulos anteriores, que nem dvd. Sentei em frente a tv por dois dias e desscobri pq a novela eh boa mesmo.
Eh o seguinte: Historia de uma moca feiosa, que se apaixonou por um jogador de futebol iniciante. Ele foi jogar fora do pais e nunca cumpriu a promessa de voltar pra busca-la. Ela engravidou, perdeu o filho e a possibilidade de outra gravidez. Espancada pelo pai por isso, acabou o matando com a ajuda do irmao. Entao se prostituiu pra conseguir mudar de identidade. Dez anos depois, ela casada com um mafioso russo velho e feio, compra o time de futebol onde o ja artilheiro joga. Casado com outra e ainda na night (homem, ne!), o bonitao interpretado pelo ator e modelo Yehuda Levi (que tambem fez a campanha da grife Fox no Brasil, como eu contei em post anterior) eh infernizado pela agora linda, poderosa e vingativa Meital (o que que o dinheiro nao faz?). O vestiario fica ainda mais quente quando Meital contrata um jogador arabe pra implicar com o ex, que nem sonha que Meital eh a feiosa que ele abandonou. E isso eh so o comeco.
O mais interessante eh ver como as pessoas reagem a novela, e os conflitos que ela reflete. Por exemplo: a atual mulher do artilheiro fica realmente chocada quando descobre que ele a trai. Eh quase o fim do mundo. Vamos combinar que no Brasil nao eh bem assim ha tempos... Incomum mesmo eh achar um fiel.
Depois, o jogador arabe. Aqui sao feitos jogos contra os times arabes de verdade, mas nunca ninguem vai colocar um deles com os outros. Ver a possivel reacao de um grupo e dos torcedores ja eh chocante. O odio com que ele eh tratado por todos, ameacas, agressoes. O pior eh que o primo (arabe) eh uma graca. E o ator eh de verdade primo. Aqui, nos jogos de verdade, eh um perigo.
E assim vou vendo, e aprendendo. O que nao muda em nenhum pais, em nenhuma religiao eh que os homens sao todos uns cafajestes. E que as mulheres sao perigosas! :D
Na foto, o gatinho do Yehuda Levi.

domingo, maio 14, 2006

Pagando pela boca

Sempre achei horrivel dieta. Toda minha adolescencia vi minhas amigas se controlando, malhando, e eu so no chocolate. Sempre foi assim, ate eu chegar aqui. Engordei numa velocidade assustadora e aqui estou eu, socia do Vigilantes do Peso. Nunca pensei na vida em entrar nesse treco, mas a verdade eh que a reuniao semanal dos gordinhos me da animo pra fazer a maldita dieta. O pior nem eh ficar se controlando e nao comer coisas boas. O pior eh o psicologico, o que acompanha. Sensivel, chorona, irritada. Sindrome de abstinencia de verdade. Mas ta, que que eu vou fazer? Chegou a hora de tomar jeito. Um horror. Essa semana perdi mais um kilo.
E nao eh so nisso que eu pago pela boca nao. Eh tambem no simples fato de limpar a casa (desde que eu me lembro tive empregada e era a menos inutil de casa, mas tambem nao ajudava muito). Agora eu limpo, e bem. Porque gosto de estar em um lugar limpo. Eu abro mao de saloes de beleza e compras todo mes. Agora eu sinto no meu bolso o prejuizo que isso eh. Eu pesquiso preco no supermercado. Passo dias e dias servindo as pessoas em restaurante. Eu meco palavras e, principalmente, palavroes. Eu abro a cabeca. A cada dia aqui mais e mais.

quinta-feira, maio 04, 2006

Ressaca

Aniversario de 58 anos de Israel. Eu lembrei de uma foto que meu pai tem minha na cortica da casa dele, quando eu visitei uma exposicao comemorativa dos 50 anos do pais. Ja se passaram oito anos. Ate pouco tempo atras eu nem lembrava como eu era oito anos antes. Confuso? To velha mesmo. Mas o papo hoje eh outro.
Voces sabiam que o dia da Independencia eh, na verdade, o dia nacional do churrasco??? Oito anos atras eu certamente nao sabia disso. Ontem podia ser vista uma churrasqueira (que fosse improvisada) em casa jardim. O dia nacional da comilanca. Pessimo, to de ressaca total. De comida.
Vamos combinar que em um lugar onde se come salada e ovos no cafe da manha a alimentacao nao pode ser das mais normais. Pelo menos nao pro meu gosto. E o que que tem de tao bom a pita (pao arabe)? Eu nao acho a menor graca, e o pior eh que ainda engorda mais do que o delicioso pao frances (nunca visto por mim em terras orientais). Eu moro num lugar onde comem-se graos no lugar de pipoca, em todas as situacoes. Semente de sei la o que pra ca, pepino no lanche pra la. Eca!
Ontem foi o dia em que eu tirei a barriga da miseria. Bife de carne! Tudo bem, no churrasco nao tinha arroz e muito menos farofa, mas deu pra sentir o gostinho das minhas ferias no Brasil! To chegando!!!
Pra compeltar o dia gordo, fiz um saquinho de pao de queijo aqui em casa. Todo mundo adorou, claro. Minha mala vai voltar praticamente ums dispensa! No fim do dia eu ja nao conseguia mais pensar em sair de casa. Vi o `Casseta e planeta` israelense e a tao esperada novela (`O clone` ta no momento decisivo!), acompanhada de biscoitinhos e bolinhos, e fui direto pra cama.
Hoje acordei de roupa de ginastica...

terça-feira, maio 02, 2006

Agora vai!

Eh, eu achei mesmo que o pior ja tivesse passado e que agora ja fosse a hora de comemorar. Mas ficou ainda pior depois do post anterior. O Iom Hazikaron eh ainda mais triste. Nessa data lembramos todos os soldados que cairam em todas as guerras que passamos. E nao foram poucos. Todo mundo aqui tem alguem na familia ou pelo menos um amigo, conhecido, que morreu defendendo nosso povo. Eh muito, muuuito triste. No dia do Holocausto eu achei que tivesse gastado todas as minhas lagrimas, mas descobri ontem que nao.
Vou comecar pela sirene. Nem contei isso no dia do Holocausto, mas as 10 h da manha desse dia uma sirene tocou em todo o pais por um minuto. Todos, onde estavam, ficaram de pe e em silencio por um minuto em lembranca aos mortos. Nao importa se em casa ou no transito. Eu, as 10h do Iom Hashoa, estava no Vigilantes do Peso. Da balanca, cai direto na sirene. E nao pude deixar de me emocionar...
Ontem e hoje as sirenes tocaram no nosso pequeno grande pais. Dessa vez as 20h. E eu, bem mais preparada, estava la na praca principal daqui de Pardesya. Todo lugar, por mais micro que seja (como esse onde eu estou) organizou seu ato de homenagem. E nao eh porque o lugar eh pequeno que a tristeza foi proporcional. Tambem aqui em Pardesya subiram ao palco montado na pracinha parentes dos 11 mortos daqui. Cada um acendeu sua chama. Rezamos. O lugar estava lotado, todo mundo tava la. Velhos, criancas, adolescentes. Quando eu vi a palavra `Izkor` (lembra, em hebraico) queimando ao som do Hatikva (hino nacional), senti um aperto no peito tao grande... De verdade sinto que tive do meu sangue derramado tambem. Escutamos mais um vez a sirene. Pesado.
Lichiot am hofshi be artzeinu
Eretz Sion Yerushalaim


Ser um povo livre em nossa Terra
Terra de Siao, Jerusalem.
(Trecho do hino)


E eu admito, pensei em nao ir. Trabalhei de manha no restaurante (ah, to com emprego novo, num restaurante aqui perto, onde minhas amigas trabalham tambem!) e de tarde na loja de doces. Sai destruida. E nem sabia que a pior parte do meu dia ainda estava por vir.
Hoje, as 11 da manha, a sirene tocou de novo. Dessa vez por dois minutos. Eu ja estava trabalhando no restaurante. Sirene termina, tudo volta ao normal. Mas com aquele ar pesado. Pelo menos pra mim.
Me surpreendeu um pouco a quantidade de pessoas que sairam pra almocar fora nesse dia. Nao eh um dia como os outros, de diversao. Nao pode ser. Mas nao sei se eh bom que as pessoas tentem passar por cima da tristeza e viver ou se eh ruim, sinal de que pouco se importam se o chao que pisam foi conquistado com suor e sangue dessas pessoas, com quem nao tem o menor respeito.
Mas ta, agora sim, passou. Ate o ano que vem. Hoje a noite ja comeca o dia da independencia, churrascao com os amigos, amanha eh dia de folga e festa. Finalmente.