Pensamentos, idéias, histórias... Nathalhices!

Minhas aventuras pela Terra Santa!

terça-feira, maio 02, 2006

Agora vai!

Eh, eu achei mesmo que o pior ja tivesse passado e que agora ja fosse a hora de comemorar. Mas ficou ainda pior depois do post anterior. O Iom Hazikaron eh ainda mais triste. Nessa data lembramos todos os soldados que cairam em todas as guerras que passamos. E nao foram poucos. Todo mundo aqui tem alguem na familia ou pelo menos um amigo, conhecido, que morreu defendendo nosso povo. Eh muito, muuuito triste. No dia do Holocausto eu achei que tivesse gastado todas as minhas lagrimas, mas descobri ontem que nao.
Vou comecar pela sirene. Nem contei isso no dia do Holocausto, mas as 10 h da manha desse dia uma sirene tocou em todo o pais por um minuto. Todos, onde estavam, ficaram de pe e em silencio por um minuto em lembranca aos mortos. Nao importa se em casa ou no transito. Eu, as 10h do Iom Hashoa, estava no Vigilantes do Peso. Da balanca, cai direto na sirene. E nao pude deixar de me emocionar...
Ontem e hoje as sirenes tocaram no nosso pequeno grande pais. Dessa vez as 20h. E eu, bem mais preparada, estava la na praca principal daqui de Pardesya. Todo lugar, por mais micro que seja (como esse onde eu estou) organizou seu ato de homenagem. E nao eh porque o lugar eh pequeno que a tristeza foi proporcional. Tambem aqui em Pardesya subiram ao palco montado na pracinha parentes dos 11 mortos daqui. Cada um acendeu sua chama. Rezamos. O lugar estava lotado, todo mundo tava la. Velhos, criancas, adolescentes. Quando eu vi a palavra `Izkor` (lembra, em hebraico) queimando ao som do Hatikva (hino nacional), senti um aperto no peito tao grande... De verdade sinto que tive do meu sangue derramado tambem. Escutamos mais um vez a sirene. Pesado.
Lichiot am hofshi be artzeinu
Eretz Sion Yerushalaim


Ser um povo livre em nossa Terra
Terra de Siao, Jerusalem.
(Trecho do hino)


E eu admito, pensei em nao ir. Trabalhei de manha no restaurante (ah, to com emprego novo, num restaurante aqui perto, onde minhas amigas trabalham tambem!) e de tarde na loja de doces. Sai destruida. E nem sabia que a pior parte do meu dia ainda estava por vir.
Hoje, as 11 da manha, a sirene tocou de novo. Dessa vez por dois minutos. Eu ja estava trabalhando no restaurante. Sirene termina, tudo volta ao normal. Mas com aquele ar pesado. Pelo menos pra mim.
Me surpreendeu um pouco a quantidade de pessoas que sairam pra almocar fora nesse dia. Nao eh um dia como os outros, de diversao. Nao pode ser. Mas nao sei se eh bom que as pessoas tentem passar por cima da tristeza e viver ou se eh ruim, sinal de que pouco se importam se o chao que pisam foi conquistado com suor e sangue dessas pessoas, com quem nao tem o menor respeito.
Mas ta, agora sim, passou. Ate o ano que vem. Hoje a noite ja comeca o dia da independencia, churrascao com os amigos, amanha eh dia de folga e festa. Finalmente.