Dia 2
Acordei com uma sensacao de liberdade. Logo que os primeiros raios de sol conseguiram chamar minha atencao, levantei num pulo. `O paraiso me chama`, pensei. Peguei um lencol enorme, o livro, a musica, uma garrafa de agua e fui pra praia. Queria fazer outra coisa nova: Topless. Toda a minha vida achei vulgar. Excesso de exposicao e ate falta de respeito com os outros que estao na praia. Mas ja tava na hora de abrir a cabeca, ne? Afinal, nada melhor do que se queimar sem aquela marca do biquini, que nao pode sair do lugar pra nao estragar o bronzeado. Sem falar na sensacao de nadar com os peixes seminua. Alem do mais, quem nunca viu seios?! Vamos combinar que as pessoas fazem de roupa coisas muito vulgares de verdade. Enfim, deixando de lado a polemica, fui la eu catar um lugar ao sol numa praia vazia. Nao estava exatamente com vergonha, mas tambem nao queria fotos minhas publicadas na internet, como novo ponto turistico de Eilat. Andei, andei, ate que achei. Quase no final da praia do hotel Herods. Ainda estava com um certo medo, mas entao vi uma outra menina desfilando sem sutia e me convenci de vez. Natural. Olha quem quer.
`Cama` feita, protetor 30 no corpo todo, musica nos ouvidos. O que mais eu podia querer na vida? Nem pensava `que o principe encantado aparecesse agora` pq ainda estava com a cabeca na noite anterior. Mas comecava a pensar e logo me cortava, nao queria criar expectativas. Sei bem como eh me decepcionar com os homens. E esse ja tinha me surpreendido na noite anterior. Ninguem eh perfeito. Sabia que a proxima curva era de descida.
Passei nada menos do que 8 horas na praia. Sozinha, tranquila, curtindo cada segundo com essa pessoa divertida que sou eu! :D
Claro que escutei uns comentarios. A verdade eh que muitas vezes eu esquecia que estava sem a parte de cima do biquini, so era lembrada pelos olhos dos curiosos. Sempre tem os velhinhos tarados, ne?
`- Voce sabia que tem as coisas mais lindas de Eilat?`
`- Quer ajuda pra passar bronzeador?`
A resposta as duas foi um `What? Sorry, I can t listen to you`, com a musica no ultimo volume.
Uns outros nao tao velhos tambem fizeram suas tentativas. Chegavam, sentavam perto e comecavam a puxar papo. Pra todos eu tinha namorado. Isso eh uma desculpa que funciona aqui em Israel, pelo menos. Existe respeito. No Brasil, voces sabem, eh aquele `Ah, eh? Entao cade ele?`. Ou o pior ainda `Nao sou ciumento`.
O Salva vidas da praia estava sempre atento a minha bolsa. Sempre pedia ao garcon da praia que fosse me levar mais agua, me oferecia cafe. Fui mudando meu acampamento em direcao ao sol, ate que ele se foi.
Ai me dei conta de que nao tinha comido nada o dia inteiro. Tinha me comportado tao bem e estava tao feliz que decidi me mimar um pouquinho. Queria ha tempos conhecer um restaurante que se chama Casa do Brasil. So tem em Eilat. Churrascaria como so se encontra na America do Sul mesmo. Pra nos aqui no Oriente Medio a carne eh escassa, ruim ou cara. A boa comida eh sagrada.
Tomei um banho e fui ate o restaurante. Lindo, por sinal. Me decepcionei quando nao souberam me dizer o que era guarana, mas logo que chegou a carne eu esqueci disso e me deliciei por um par de horas, com direito a farofa e tudo. Ja nao aguentava mais comer quando vi o pave que tinha no cardapio. Lembrei da frase `Ta no inferno, abraca o capeta` e fui pro abraco. Contentissima, satisfeitissima, so podia pensar em dormir. Me sentia a coisa mais pesada do universo. Parei um taxi e pedi `Pro 889 urgente, por favor`. O motorista, de seus 20 e poucos anos, comecou a rir. Ai eu expliquei o porque. Dai pra perguntar toda a minha vida foi um segundo. Quase chegando em casa o sujeito me pergunta `Voce fuma um beck? Tem alguem na casa do seu amigo?`. Eu disse que nao, obrigada. Ele insisitiu, pedindo para que eu o ligasse entao pra sair mais tarde. Eu disse que ia ver quando acordasse, sai e bati a porta do taxi. Depois de um segundo eu volto `Ei, nao te paguei`. E ele me diz `Nao precisa nao. So queria um cigarro, se voce tivesse`. So comigo mesmo que essas coisas acontecem... (Obvio que eu nem gravei o telefone do maluco, ne...)
Cheguei finalmente na preciosa cama. Necessaria naquele momento. Mas vinte minutos depois o telefone toca, era o Yuval. Ele, o Roy e um casal de amigos iam fazer um churrasco na praia. Eu nao aguentava ver carne, mas queria muito ver se o sonho tinha sido realidade. Hesitei tambem pq nao foi o maluco que me ligou (e nao sou assim facil, ne, galera?) e continuei deitada, mas me matando pra ir e me olhando no espelho a cada minuto.
Ate que ele me liga, o proprio. Eu atendo `Ha? Quem? Hehehehe. Ele me diz que deu um pulo no hotel sozinho, pra que eu fosse pra la e que de la fossemos juntos pra praia. Eu tinha que ir, ne. Ta. Reticencias. Foi tudo muito rapido. Num evento pra cinco pessoas, duas fazem toda a diferenca. Claro que o encanto ja era menor. Mas baixou mesmo quando, ja no caminho pra praia, fui me dando conta de que ele nao se lembrava de nada da noite anterior. Nao que eu tivesse tudo gravado, claro, mas os flashes nao me enganavam, tinha sido perfeito! Mas aceitei que tinha sido uma noite inesquecivel e so, e curti o churrasco na minha. Fogueira, mais vinho, beira da praia. Fui pra casa, conformada. Mais do que nunca, crente de que homem eh tudo igual mesmo.
A foto eh da noite anterior.
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