2007

Parece que foi ontem que eu fiz o meu balanço anual e resolvi me mandar pra Terra Santa. Já tenho um ano e meio de Israel e muita coisa construída. Com muito suor e saudades, mas também com muita alegria e felicidade de dar inveja nos outros, literalmente.

Agora é ano novo, de novo. Eu não tô pra reflexão hoje não, já que duas pessoas que eu gosto muito estão me deixando hoje. E um ano atrás, nessa mesma época, era o meu irmão indo embora, como eu contei aqui. Só queria desejar aos poucos e bons leitores das minhas aventuras um 2007 de ainda mais realizações, superações, vitórias, luz e paz. Muita saudade hoje de quem está longe. Amo vocês.

E as cenas se repetem...

Meu trajeto diário casa-universidade na linha de ônibus 19 me faz pensar muito. Acho que é o momento diário em que mais dou asas à imaginação e penso na minha vida, na vida dos outros, na night do dia, na aula que eu não vou entender, na prova que eu vou me f*&%, enfim. Eu e meu tocador de mp3.

Geralmente, quando começo a observar a paisagem, o que mais me intriga são os religiosos. Bizarro como eles vivem. Todo dia, o 19 cruza os domínios de um bairro cheinho deles. Me lembra geralmente o Minhocão, aquele prédio em cima do túnel que vai pra Barra, do lado da PUC.

Os meninos de um lado, as meninas do outro. Todo mundo de preto. As perucas, saias, lenços, neném pra tudo quanto é lado. Cartaz na rua 'Roupas justas estragam a nossa vida'. Uma loucura mesmo.

Mas ontem vi pela primeira vez uma cena que me levou direto ao Brasil, no pior dos sentidos.
Um menino árabe, de uns 10 anos de idade, com um pano velho na mão, limpando vidros dos carros no sinal... E o motorista de vidros fechados pra ele. No carro de trás, um casal árabe, que também não dá a menor bola pro menino.
...

Socorro, todo mundo me conhece!

Sexta feira, 2 am, Tel Aviv. Meu querido amigo Avi sai de um pub com uma amiga e ela, com desejo de comer doce, entra num supermercado 24 hrs e compra um chocolate.

- Esse bombom é argentino, diz a caixa.
- Você também é argentina? - pergunta o Avi, escutando o sotaque da caixa.
- Não, brasileira.
- Eu tenho uma amiga brasileira, mas ela mora em Jerusalem.
- A Nathy?
- Sim - responde a Bruna!
- Conheço todos os amigos, só faltava você!
- Quem, Nathy? Nathy? - pergunta a amiga do Avi. E emenda:
- Eu conheço a Nathy! Nos conhecemos em Arraial D' Ajuda! - é a Sheli!

Só aqui em Israel mesmo. Pra completar, logo depois que o Avi me contou essa história (no dia seguinte, porque nem ouvi o celular quando os três me ligaram de madrugada), comecei minhas compras de shabat na feira e cruzei com um menino que trabalhou comigo de garçom no El Gaucho. Não o via desde então, há um ano.

- E aí, como vai a vida? Começou a trabalhar no Café Atara, já saiu, tá na Agencia Judaica...
- Como você sabe?
- A amiga de uma amiga da minha namorada trabalha lá...

Socorro!!! Queria saber é como é que cada um me descreveu... :D