E quando parece nao ter graca...

O Eli eh um tipo engracado. Tem muitos amigos, super social, se faz de cabeca aberta... Mas, no fundo, eh super quadrado. Eh incrivel como que, aos poucos e com jeitinho, ele consegue fazer com que eu me adapte as vontades dele, sem que eu me de conta. O que vestir, como falar com as pessoas, o que fazer. Sutil e incisivo. E sabem o que eh o pior? Eu gosto dele assim mesmo. Freud explica?Algumas horas atras, me disse exatamente o que vestir para sairmos.

Sentamos com os amigos dele da faculdade. Viajamos uns 15 minutos de carro ate Abu Gosh, uma vila arabe aqui pertinho de Jerusalem. Um dos amigos dele abriu um cafe/confeitaria la. Nos sentamos com o dono da padaria (que eh arabe), um druso e dois religiosos (judeus). Eu fiquei ali, pensando na tal coexistencia. Os religiosos falando mal do rabino ladrao que concede o documento que a comida vendida eh kasher (foi feita de acordo com os padroes judaicos), o arabe falando que o restaurante arabe do lado rouba todas as vagas dos seu clientes, o Eli falando que a melhor comida tipica que ele ja comeu foi na mesma vila em um restaurante libanes e eu defendendo as brasileiras e o nosso carnaval. Ai, se tudo pudesse ser resolvido em uma conversa no boteco da esquina...

Voltando ao assunto, acendi um cigarro no carro, no caminho pra casa. E o que eh que ele me diz? "Voce sabe, em algum momento voce vai parar de fumar e nao vai mais colocar nenhum cigarro na boca". Eu respondi que sim, quando fosse ter filhos. E ele me diz "Ahn bem". Ganhou dois beijos por estar preocupado com os nossos futuros filhos. Ojala, como diria minha amiga espanhola Alexia. Alevai, como se diz em hebraico - o que nos costumamos alongar para "Se D's quiser".