Pensamentos, idéias, histórias... Nathalhices!

Minhas aventuras pela Terra Santa!

segunda-feira, julho 31, 2006

Do outro lado...

Depois de duas semanas morando nos abrigos anti-aereos, oito parentes da minha familia adotiva (que vivem em Carmiel, norte do pais), estao refugiados em Pardesya. A casa passou a ter nada menos do que 13 moradores. Das 8 pessoas, 3 sao criancas. Estava brincando com a menina de quatro anos no jardim e ela me diz `Podemos ficar dento de casa?`. Eu pergunto a ela porque e ela me responde `Aqui tem boomim`(o que seria o plural de `boom`em hebraico).
A familia me contou que as criancas ainda nao estao se sentindo seguras ao ar livre, mesmo ja ha alguns dias dormindo sem o barulho dos misseis. Contam que chegaram muitas doacoes ao abrigo. Empresas de eletrodomesticos, tv a cabo, supermercados e ate telefone celular fizeram de tudo pra confortar quem esta vivendo esse pesadelo de perto. Soldados e voluntarios faziam atividades educativas com as criancas de 8 da manha as 8 da noite. As saidas do abrigo eram esparsas e seguidas de medo. O alarme poderia soar a qualquer momento e a corrida pra voltar era desesperadora.
Ainda assim, nao se pode imaginar o sofrimento das pessoas aqui. Familias que dormem nos abrigos e descobrem depois que tiveram suas casas destruidas, cidades inteiras completamente vazias no norte. Nao se trabalha, nao se estuda. So sofrimento, dor, medo, expectativa e reza.
Apesar de o centro do pais quase nao estar sentindo a guerra no dia a dia, nao ha quem nao tenha duas televisoes ligadas o dia inteiro - cada uma em um canal, onde ambos transmitem exclusivamente as noticias. Aqui m Jerusalem, os onibus estao sempre com o radio ligado no noticiario, e bem alto.
Meus dois irmaos adotivos (33 e 35 anos) foram agora chamados pra servir tambem. Os dois sao casados, tem filhos. Provavelmente vao comandar tropas de meninos de 20 anos, cheios de sonhos, que vao estar no front. A mae deles chora diariamente. Os que nao tem filhos e amigos la pra cima tem a mesma preocupacao, exata. E apesar de todos os pesares, ate mesmo as familias diretamente atingidas querem que a guerra siga ate o fim. Eu tambem. Ate mesmo maes de soldados mortos e feridos. O povo esta cansado de viver com medo...
No mais, so tenho a dizer que da vergonha estar na mesma categoria, jornalista, com um bando de gente que nao sabe o que fala e distorce o que nem ve.
Espero ter tempo de contar mais em breve...

quinta-feira, julho 20, 2006

Sortuda!!!


Gente, alguém já ganhou uma QUEIMA DE FOGOS de aniversário?
E um bolo com a metade da bandeira do Brasil e a outra metade bandeira de Israel?
E o APOIO TOTAL em todas as decisões da vida, sejam elas quais forem?
Pois eu ganhei tudo isso da minha mãe.

segunda-feira, julho 10, 2006

Indicador

Cheguei na portaria do meu prédio às sete da manhã, com os pés sujos e sapatos na mão, carregando ainda a bolsa e uma sacola de lixo do Mc Donald´s. Um dos porteiros (daqueles engravatados, sérios, sabem?):
- Bom dia, Nathalia.
- Bom dia! (risos)
- Tá aproveitando bastante as férias, hein?
Eu continuei rindo. Não acreditava que o porteiro lembrava meu nome, não acreditava que estava chegando em casa junto com o sol outra vez. Mas nesse momento me dei conta que sim, estou curtindo minhas férias muitíssimo bem!
E não satisfeito, o porteiro completou:
- Também, morando em Israel, ninguém merece!

sexta-feira, julho 07, 2006

Hoje eu parei o carro no sinal e esqueci o vidro aberto. Quando fui fechar, o menininho já estava na minha janela. Devia ter uns 10 anos.
- Tia, me dá um dinheiro?
- Não, não tenho não.
- Remédio pra dor de dente, você tem?
Sinal abre. Eu choro.
Isso já tinha me acontecido uma vez, na Lagoa. Hoje foi na Barra (até pouquissimo tempo atrás isso nem existia por aqui). Não aprendo a lidar com essas coisas. Tem épocas que dou dinheiro mesmo. Aí vejo os moleques cheirando cola e resolvo andar com biscoitos no carro, roupas, e dar pra eles. Tem vezes que acho que os meninos fazem isso por preguiça de estudar e não dou nada. Ou que estão mentindo não ter o que comer, a mando dos pais. Nem sei mais o que pensar. Sei que a históra da dor de dente mexe muito comigo, me deixa arrasada. Impotente, até má. Ou isso ou acreditar que a frase já foi popularizada.