Do outro lado...
Depois de duas semanas morando nos abrigos anti-aereos, oito parentes da minha familia adotiva (que vivem em Carmiel, norte do pais), estao refugiados em Pardesya. A casa passou a ter nada menos do que 13 moradores. Das 8 pessoas, 3 sao criancas. Estava brincando com a menina de quatro anos no jardim e ela me diz `Podemos ficar dento de casa?`. Eu pergunto a ela porque e ela me responde `Aqui tem boomim`(o que seria o plural de `boom`em hebraico).
A familia me contou que as criancas ainda nao estao se sentindo seguras ao ar livre, mesmo ja ha alguns dias dormindo sem o barulho dos misseis. Contam que chegaram muitas doacoes ao abrigo. Empresas de eletrodomesticos, tv a cabo, supermercados e ate telefone celular fizeram de tudo pra confortar quem esta vivendo esse pesadelo de perto. Soldados e voluntarios faziam atividades educativas com as criancas de 8 da manha as 8 da noite. As saidas do abrigo eram esparsas e seguidas de medo. O alarme poderia soar a qualquer momento e a corrida pra voltar era desesperadora.
Ainda assim, nao se pode imaginar o sofrimento das pessoas aqui. Familias que dormem nos abrigos e descobrem depois que tiveram suas casas destruidas, cidades inteiras completamente vazias no norte. Nao se trabalha, nao se estuda. So sofrimento, dor, medo, expectativa e reza.
Apesar de o centro do pais quase nao estar sentindo a guerra no dia a dia, nao ha quem nao tenha duas televisoes ligadas o dia inteiro - cada uma em um canal, onde ambos transmitem exclusivamente as noticias. Aqui m Jerusalem, os onibus estao sempre com o radio ligado no noticiario, e bem alto.
Meus dois irmaos adotivos (33 e 35 anos) foram agora chamados pra servir tambem. Os dois sao casados, tem filhos. Provavelmente vao comandar tropas de meninos de 20 anos, cheios de sonhos, que vao estar no front. A mae deles chora diariamente. Os que nao tem filhos e amigos la pra cima tem a mesma preocupacao, exata. E apesar de todos os pesares, ate mesmo as familias diretamente atingidas querem que a guerra siga ate o fim. Eu tambem. Ate mesmo maes de soldados mortos e feridos. O povo esta cansado de viver com medo...
No mais, so tenho a dizer que da vergonha estar na mesma categoria, jornalista, com um bando de gente que nao sabe o que fala e distorce o que nem ve.
Espero ter tempo de contar mais em breve...
2 Comments:
Nathy, que barra... Sei que por mais que eu tente, não consigo imaginar o que é viver essa situação aí. Deve ser muito triste, doloroso, frustrante... sei lá, muita coisa... Só espero que você esteja bem e fique bem com isso tudo acontecendo. Estou aqui se precisar de qualquer coisa! Muitos beijos, fica em Paz, Gi
Oi, Nathalia! Depois detalha melhor essa questão dos jornalistas que distorcem as informações, fiquei curioso! Beijo grande!
Postar um comentário
<< Home