Pensamentos, idéias, histórias... Nathalhices!

Minhas aventuras pela Terra Santa!

domingo, junho 11, 2006

Meu Brasil brasileiro...

É mesmo muito difícil estar aqui. Pensar em tudo o que podia ter sido se não fosse, em tudo que provavelmente seria se, o que foi deixado pra tras assim, assado... Enfim. Mas vamos ao que interessa.
Já são cinco dias de Brasil novamente, depois de quase um ano. No primeiro dia foi o susto da minha mãe, o cansaço, a preocupação com a mala e a excitação. No segundo dia fui visitar meus avós (triste destino o deles, a ser comentado mais adiante). Devorei a comida como se não houvesse amanhã, literalmente! :D
Mas o medo de não haver amanhã foi grande mesmo quando desci do prédio e pensei em pegar um ônibus ali do Leblon até a minha casa, na Barra da Tijuca. Depois de dez passos em direção ao ponto, entrei num taxi e pronto. Percebi como eu realmente estou com medo do Rio, não estou mais acostumada a andar com essa sensação. Nunca achei que fosse ter medo da minha cidade, onde nasci e fui criada. Medo que, pra mim, era coisa de turista. Sempre me senti vacinada e precavida. Até agora.
De volta pra casa, crente que meu destino seria a cama, me convenceram a fazer um programa que era mesmo irrecusável. Ir a Baronetti. Assumo, reduto de patricinhas e mauricinhos que eu amava. Mas às quartas-feiras rola uma festa que explica minha animação: Metade da noite toca Hip Hop e metade funk. E mais, o Mc convidado da noite era o Andinho, compositor (?) de um dos maiores classicos das antigas ("Seus olhos, o seu corpo nú, é um convite pra dançar, no ritmo do amar..."). Mas foi estranho. Primeiro porque eu nao sei mais me arrumar pra ir pra night no Rio. Estranho nao saber o que se veste, o que se calça. Eu, bem eu, fui do jeito que imaginei ser o mais confortável pra dançar até cair. Decepção a minha ao me tocar de que eu quase não conhecia as músicas. E mais, senhoras e senhores, o funk conseguiu sim descer mais o nível. Pra mim, funkeira desde os primórdios, ver que nunca mais vai se fazer funk como antigamente é triste demais. Depois, concluir que eu já passei da idade disso também me deixou meio perdida. As caras não são as mesmas, eu já me sinto a titia da balada, me canso muito mais rápido, acho todos infantis. What the hell is happening to me??? Nem me deu vontade de beber.
Mesmo assim, não posso dizer que não curti. E também é cedo demais pra tirar essas conclusões, eu acho. Pode ter sido a night errada, ou até o dia errado, e só. São apenas as primeiras impressões.
No terceiro dia, minha mãe me acorda pra uma missão importantíssima, renovar minha carteira de habilitação brasileira. Do Detran, subi direto pra casa dela. Achei que nada então seria melhor do que o tão esperado dia de salão. Que nada. Eu não tive a menor paciência pra fazer mão e pé, pra começar. Depois da mão, parei. Ia pintar, hidratar, cortar e fazer tudo mais que tivesse na lista de preços do salão. Depois de hidratar - processo que levou mais de uma hora-, só quis aparar as pontas e sair correndo. E pensar que eu levei a minha mãe pra depilar em salão pela primeira vez ha poucos anos atrás; ontem ela me diz 'Calma, filha, é falta de costume'. To podendo...
No quarto dia eu já nem lembro mais o que eu fiz. Ah! Briguei com a minha mãe pela primeira vez. Vamos pular essa parte!
Quinto dia, hoje, alguns amigos subiram pra me visitar em Itaipava. Foi otimo! Ruim foi descer a serra e ser parado pela Polícia. Sim, porque a polícia aqui é o que realmente dá medo. Mesmo depois de ver que todos os documentos do namorado da minha amiga estavam em dia e não achar nada ilícito no carro, os dois policiais ainda tentaram nos extorquir. E o perigo que estavamos correndo ali, bem em frente a Cidade de Deus, ás onze da noite de sábado? Que medo. Impressionante a cara de pau das chamadas 'autoridades' por aqui. Eu não sou de dar esses discursos não, mas acho que ter me distanciado um pouco me fez perceber a vergonha que é esse país. Agora a volência é tema de toda e qualquer conversa. Hoje lá em casa mesmo. A gente com tanta conversa pra botar em dia e, mesmo assim, o tema dominate foi a violêmcia do Rio. Não existe mais aquele diálogo de elevador '- Que dia bonito hoje'. Agora é '- Cuidado, mataram um ontem aqui em frente'. Não se pode ter uma droga de um tênis de marca sem que te roubem em uma semana. Não se pode ter um carro 'bom' sem que tentem te roubar todos os dias (sejam bandidos ou os igualmente bandidos uniformizados). Não se pode caminhar sem desconfiar da sua própria sombra. E olha que eu não estou jogando conversa fora. Essas coisas aconteceram na minha casa. Que país é esse?

2 Comments:

Blogger Gabriel Toueg said...

É, Nathy... A coisa tá feia mesmo. Sei bem o que você está sentindo, quando estive na capital do PCC em janeiro senti o mesmo drama. Medão. E agora, o mesmo medo de voltar, de dar tudo errado, de ser assaltado ou assassinado. Especialmente porque a gente fica mesmo meio bobão, com a segurança que tem por aqui, né?! Bom, eu viajo, de acordo com a previsão, dia 19 de julho. Nada certo ainda, não peguei a passagem. Te aviso. Beijos e aproveita, com cuidado.

12:21 PM  
Anonymous Anônimo said...

"eu já me sinto a titia da balada" também... a gente tem tem quase trinta daqui a pouco! rs Bj

3:52 AM  

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